sábado, 26 de maio de 2007

Quanto Ouso - Capítulo Vinte e Um

Paris – Uma Introdução

Partimos para Paris de comboio e barco no dia 27 de Maio de 1956, três dias depois do meu vigésimo quarto aniversário, três dias antes do vigésimo aniversário do Dusty (dezanove dias depois da estreia de O Tempo e a Ira de que não tínhamos consciência) e com apenas cerca de £100 entre os dois. Prometi-lhe aventura. Ela nunca tinha saído de Inglaterra. Estava nervosa, até mesmo um pouco receosa. Não tínhamos tratado de nada quanto a um sítio para viver ou onde trabalhar.
Havia um sistema de intercâmbio dentro do negócio da restauração e hotelaria mantido pelo Instituto de Hotelaria e Restauração – cozinheiros que queriam ir trabalhar para Londres eram trocados por cozinheiros ingleses que quisessem ir trabalhar para o continente. O meu plano consistia em candidatar-me a um lugar e depois pedir uma autorização de trabalho. Desde muito cedo na minha vida que tive uma determinação instintiva em deter o controlo da minha vida. Por vezes resulta, outras não. Os nossos contactos eram o Barney que tinha casado com a Monique e vivia nos arredores de Paris, em Mantes-la-Jolie e um empregado de mesa do Hungaria de quem eu e o Dusty nos tínhamos tornado amigos. Era um homem jovem, alto, bem-parecido e tímido, Gerry Simpson, que trabalhava no que me tinham dito ser o restaurante mais caro de Paris – o Tour d’Argent. Não tinha dúvidas de que seria fácil arranjarmos um sítio para ficar durante umas noites enquanto procurávamos por um apartamento. Tudo iria correr bem. Não havia problemas inultrapassáveis. Éramos novos.

(P. 399)

Cartas diárias palavras diárias

O meu diário de Paris – de 21 de Junho de 1956 a 17 de Janeiro de 1957 – tem mais de 30.000 palavras; e as inesquecíveis cartas da minha mãe contam mais de 29.000. Ficámos gratos por as termos. Uma linha de vida. Uma fonte de encorajamento que reflecte o tempo que passámos em Paris, a vida de casa, o humor dela e o seu espírito indomável.
[...]
Paris deu-me amigos para toda a vida: o Sami e a Lisa Dora e o filho, o Francis, de quem a Dusty tomava conta. E seis meses de trabalho no restaurante Le Rallye deu-me a minha primeira peça que, apesar do seu longo elenco de trinta personagens, é a mais representada de todas as que escrevi - sessenta cidades, vinte e cinco países, dezoito línguas - e que, sem supresa, se intitula The Kitchen, La Cuisine, La Cocina, Die Küche, De Keuken, Köket, Kuchnia, A Cozinha, A Kohnyha, Kjøkkenet, [...]... Pode dizer-se que o trabalho no Le Rallye compensou!

(Pp. 402-3)

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