terça-feira, 17 de abril de 2007

Fungos canídeos...


Página 84 - "MAX – Oh, eu sei disso, podes crer. Há só uma droga que é eficaz pela boca. [Em segredo] E sabes o que é? Dente-de-cão! Já ouviste falar? É a única coisa a fazer. E é rara."


Dente-de-cão é o nome popular do fundo conhecido por cravagem do centeio. O esporão do centeio (Claviceps purpurea) é um fungo parasita que ataca o centeio, e do qual se extraem vários alcalóides e substâncias de uso medicinal. Conhecido desde a Idade Média, foi causador de várias doenças, uma vez que as pessoas comiam pão de centeio infectado com o fungo. No entanto, cedo se percebeu que dele se podiam extrair substâncias com valor medicinal. Utilizado para diminuir dores, percebeu-se que era um vaso-constritor, o que o tornava útil no tratamento de hemorragias. Da mesma forma se descobriu que essa sua característica o tornava um abortivo de fácil obtenção, vindo a ser bastante popular nos casos de aborto clandestino.
Ainda hoje, a substância é utilizada e o Infarmed regista-a entre os produtos naturais: “Os ocitócicos, que compreendem certas prostaglandinas, derivados da cravagem do centeio (ergometrina e metilergometrina) e uma hormona do lobo posterior da hipófise (oxitocina), são utilizados para desencadear o aborto ou induzir/acelerar o trabalho de parto e minimizar a perda hemática [de sangue] devida à desinserção placentária [descolamento da placenta no final da expulsão].”

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