terça-feira, 3 de abril de 2007

Teatro Inglês a partir de 1955 - 2

Apêndice: Ano por Ano 1955-78

1955

O que acabou por revelar-se o acontecimento teatral mais importante do ano foi a produção de À Espera de Godot, de Samuel Beckett, no Arts Theatre, em Agosto, mais de dois anos e meio depois da sua estreia em Paris (Janeiro de 1953). Foi encenado por Peter Hall, que fora nomeado director artístico do teatro em Janeiro, após um ano como assistente de encenação.
No West End, o espectáculo duplo Separate Tables, de Terence Rattigan ainda se mantinha. Em Maio, no Lyric, Hammersmith, Peter Brook encenou A Cotovia, uma adaptação de L’Alouette de Anouilh, feita por Christopher Fry, que se manteve em cena ao mesmo tempo que O Tigre à Porta, de Giraudoux, também na adaptação de Fry. Em Setembro estreou O sr. Chaleira e a sra. Lua, de J. B. Priestley, encenado por Tony Richardson. Em Stratford-upon-Avon, Brook encenou Titus Andronicus, com Olivier e Vivien Leigh. Joan Littlewood deslocara a sua companhia, Theatre Workshop, para o Theatre Royal, Stratford East, no final de 1953, e os espectáculos que aí montou em 1955 foram Ricardo II, Volpone [Ben Jonson] e O Chapéu de Palha de Itália, de Labiche. Em Junho, no festival de Devon, em Barnstaple, encenou Mãe Coragem, de Brecht, desempenhando ela mesma o papel da protagonista.

1956

Em Abril, a English Stage Company estreou no Royal Court Theatre, com George Devine como director artístico e Tony Richardson como sócio. O primeiro espectáculo foi A Árvore das Amoras, que passou a fazer parte do reportório, ao lado de As Bruxas de Salém, de Arthur Miller, escrita em 1953. Em Maio, foi a vez de O Tempo e a Ira, de John Osborne ao mesmo tempo que um espectáculo duplo de Ronald Duncan, D. Juan e A Morte de Satanás. Seguiu-se a adaptação de Nigel Dennis do seu romance Bilhetes de Identidade, em Junho e A Boa Mulher de Seztuan, de Brecht, em Outubro.
[...]
No teatro Phoenix, Peter Brook encenou três peças com Paul Scofield no protagonista: Hamlet, uma adaptação do romance de Graham Greene, O Poder e a Glória, feita por Dennis Cannan e Pierre Bost e uma reposição da peça de T. S. Eliot, Reunião de Família, de 1939. [...] Os outros espectáculos de Joan Littlewood em Stratford East incluíram Eduardo II de Marlowe e uma adaptação do texto de Hasek, O Bom Soldado Schweik.

1957

O Animador de John Osborne foi levado à cena no Royal Court, em Abril, encenado por Tony Richardson, mas o esforço da companhia para encontrar novos dramaturgos revelou-se infrutífero. O texto The Making of Moo, de Nigel Dennis, foi montado na sua totalidade em Junho, encenado por Tony Richardson, mas a inovação mais importante do ano foi o espectáculo de domingo à noite sem cenário. Por £100 libras cada, experimentaram-se cinco peças, incluindo As Águas de Babilónia de John Arden e A Resounding Tinkle, de N.F. Simpson.

1958

Feliz Aniversário, de Harold Pinter, estreou no Lyric, em Hammersmith, encenada por Peter Wood, mas sobreviveu a apenas 16 espectáculos. Canja de Galinha com Cevada, de Arnold Wesker, foi levada à cena no Royal Court em Julho, mas esteve só uma semana e apenas enquanto parte de uma temporada de quatro semanas em que companhias de reportório da província trouxeram espectáculos a Londres. (John Dexter dirigira a peça no Belgrade Theatre, Coventry). As produções próprias da English Stage Company no Royal Court incluíram Epitáfio para George Dillon, de John Osborne e Anthony Creighton e O Divertimento da Minha Mãe Louca, de Ann Jellicoe, que ela co-encenou com George Devine, um pouco mais tarde. [...]
Também no West End houve uma súbita proliferação de novas peças inglesas: [...] A Estufa, de Graham Greene, Variações Sobre um Tema, de Terence Rattigan, A Festa, de John Arden e Exercício para Cinco Dedos, de Peter Shaffer. [...]

1959

John Dexter encenou Raízes, de Wesker, em Coventry, com Joan Plowright e o espectáculo esteve no Roayl Court durante quatro semanas, tendo depois passado para o West End. [...]
Em Outubro, Lindsay Anderson encenou A Dança do Sargento Musgrave, de John Arden e nos espectáculos de domingo à noite encontramos A Cozinha, na encenação de John Dexter. [...]
No West End houve relativamente poucas peças inglesas novas, mas O Amante, de Graham Greene foi encenado por John Gielgud e John Osborne encenou o seu próprio musical, O Mundo de Paul Slickey, que estreou em Maio, após uma digressão na província, mas que se aguentou apenas durante 47 espectáculos.
O Mermaid, o primeiro grande teatro do pós-guerra em Londres, abriu em Maio.

1960

Os administradores do Shakespeare Memorial Theatre, Stratford-upon-Avon, escolheram Peter Hall como director artístico e a companhia abriu a sua primeira temporada em Londres no Aldwych, em Dezembro, com A Duquesa de Malfi, dirigida por Donald McWhinnie.
Um espectáculo duplo de Pinter, O Quarto e O Serviço, foi apresentado no Hampstead Theatre Club, transferindo-se depois para o Royal Court. Aí, em Junho, foi montada a trilogia de Wesker (Canja de Galinha com Cevada, Raízes e Falo de Jerusalém), dirigida por John Dexter. Em Setembro, O Porto Feliz de John Arden e Margaretta d’Arcy foi encenado por William Gaskill.
Os espectáculos de domingo à noite incluíam um espectáculo duplo de Christopher Logue, Julgamentos de Logue e A Torre, de Gwyn Thomas.
No West End, em Maio, encenado por Donald McWhinnie, estreou O Encarregado de Pinter, espectáculo que se manteria durante cerca de um ano. Um Homem para a Eternidade de Robert Bolt, estreou em Julho, e fez 320 espectáculos. Em Agosto, outra peça de Bolt, O Tigre e o Cavalo, estreou no Queen’s Theatre. Peter Hall encenou a peça de John Mortimer, O Lado Errado do Parque, e Ross, de Terence Rattigan iniciou uma longa carreira no Haymarket, em Maio. Estrearam ainda Billy Mentiroso, de Keith Waterhouse e Willis Hall, encenada por Lindsay Anderson e À Espera nos Bastidores, de Noël Coward.
[...]

1961

A companhia dirigida por Peter Hall em Stratford e no Aldwych passou a ter o nome de Royal Shakespeare Company e a primeira peça nova que estrearam em Londres foi Os Demónios, de John Whiting, que Peter Hall encenou no Aldwych, em Fevereiro.
No Royal Court, fez-se o primeiro espectáculo completo de A Cozinha, em Junho, mais uma vez encenada por Dexter e a peça Lutero, de John Osborne, foi encenada por Tony Richardson, tendo estreado em Julho.
[...] Com excepção de Lutero e dos espectáculos que tinham vindo de Stratford, havia poucas peças inglesas novas em cena [no West End] nessa altura.

HAYMAN, Ronald, British Theatre since 1955. A Reassessment, Oxford, OUP, 1979.
(Pp. 148-152)

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