quarta-feira, 21 de março de 2007

Racismo e nacionalidade...

Página 15 – “BERTHA – Não me venhas com insultos, meu menino. Tu, o raio que te parta no teu país. Que me dizem a isto, ein? O miúdo…
NICHOLAS – O meu país é este.
BERTHA – O teu país é a casa de banho.”

«Mas, ao passo que a maior parte dos seus colegas cipriotas, como Mangolis, é ajudante de cozinha, o temperamental Gaston é cozinheiro – e a primeira briga de que ouvimos falar deveu-se ao facto de Peter lhe ter chamado “cipriota de terceira” [p. 8] no dia anterior. Que Peter se sinta à vontade para lançar tais insultos ao mesmo tempo que reage violentamente ao posterior comentário depreciativo quanto à sua nacionalidade constitui, claro, também um ponto em que a ironia individual contribui para a forma dramática da peça, e é ainda absolutamente típico da confusa mentalidade racista. E há insinuações irreflectidas de inferioridade racial espalhadas por toda a peça… como quando a cozinheira dos Legumes, Bertha, diz ao jovem cipriota Nicholas “O teu país é a casa de banho”, ou quando ele lhe chama “estrangeira” a ela “NICHOLAS [com desfaçatez] – Ela chama-me emigra a mim! Ouçam só...” [p. 15], ou quando o iralndês Kevin reage com surpresa ao facto de Paul ser judeu: “KEVIN [para HANS] – Então aquele é judeu? […] Ora, quem havia de dizer?” (p. 74).


LEEMING, Glenda e TRUSSLER, Simon, “Daily Bread”, in The Plays of Arnold Wesker, Londres, Victor Gollancz, 1971.

Sem comentários: